terça-feira, 3 de janeiro de 2012

As trilhas das cachoeiras do Ribeirão do Itu são, na verdade, apenas o começo do antigo caminho que índios faziam entre o litoral e a região de planalto em Salesópolis. A possibilidade de fazer esportes radicais como rafting, canoagem e trekking é o que tem feito muito turista trocar a praia pelas cachoeiras. Para quem está em praias como Maresias e Baleia, o acesso é feito pela Estrada do Cascalho, logo no início da Praia de Boiçucanga. O ideal é contratar um monitor por R$ 75, disponível em um centro turístico municipal logo na entrada das trilhas. Estacionamento com ducha por R$ 10 também facilita o acesso à trilha, que é gratuito. SURPRESAS A mata fechada com enormes árvores centenárias ajuda a manter um clima bem mais confortável que o das orlas lotadas. E as trilhas guardam surpresas ainda mais encantadoras. A segunda das cachoeiras, a Samambaia, tem uma queda de cerca de 20 metros e um poço de águas naturais ideal para nadar. Atrás da queda, ainda existe um banco de pedras onde o turista consegue ficar atrás da cachoeira. "Eu vou à praia só para caminhar pela manhã. À tarde, estou vindo aqui. As piscinas das cachoeiras sempre estão vazias. E aqui parece que todo mundo já tem consciência ecológica, não existe lixo ou garrafinha pet jogada nas trilhas", conta o designer Paulo Rossi, de 31 anos, morador do Ipiranga, zona sul da capital, que fica todos os anos em Maresias, mas só agora descobriu as trilhas do Ribeirão de Itu. Mais acima da trilha, está a "joia" do passeio - o Poço dos Macacos. É uma piscina esverdeada que tem uma pedra de seis metros de altura para mergulhos mais ousados. A partir da cachoeira do poço, grupos organizam passeios de canoas. O rapel, escalada de cachoeiras com cordas, também pode ser feito com contratação de monitores especializados. BUGIOS Outra boa surpresa é a enorme quantidade de macacos bugios ao longo das trilhas. Simpáticos, eles podem ser vistos até nas pedras no entorno das cachoeiras. O canto das araras-azuis ecoa o tempo todo no alto de cedros com mais de três metros de altura. Bromélias e paus-brasil também adornam o caminho. O maior empecilho são os "borrachudos" - é indispensável besuntar o corpo com repelente antes do passeio e na volta, após o banho de cachoeira. "Muita gente faz o percurso sem monitor, o que é desaconselhável. Grupos que entram sozinhos acabam não conseguindo voltar depois que começa a escurecer. A Mata Atlântica é muito fechada e, sem iluminação, mesmo o turista experimentado em trilhas pode acabar entrando em um caminho errado", alerta João Raphael de Souza, de 25 anos, um dos monitores das trilhas. HISTÓRIA Durante o fim do período colonial do ciclo do açúcar, no século 18, a trilha entre Salesópolis e Boiçucanga foi usada por índios tupinambás que eram escravizados por portugueses. As missões cruzavam o percurso em busca de minérios como ouro e prata, muito encontrados na época na região onde nasce o Rio Tietê, em Salesópolis. Comunidades caiçaras formadas por descendentes de índios escravos mantiveram o uso da trilha para peregrinações religiosas que saíam do litoral em direção à região de planalto. Até hoje, um grupo de cerca de 70 moradores nativos de São Sebastião fazem a trilha em abril para relembrar o sofrimento dos antepassados escravos.


As trilhas das cachoeiras do Ribeirão do Itu são, na verdade, apenas o começo do antigo caminho que índios faziam entre o litoral e a região de planalto em Salesópolis. A possibilidade de fazer esportes radicais como rafting, canoagem e trekking é o que tem feito muito turista trocar a praia pelas cachoeiras.
Para quem está em praias como Maresias e Baleia, o acesso é feito pela Estrada do Cascalho, logo no início da Praia de Boiçucanga. O ideal é contratar um monitor por R$ 75, disponível em um centro turístico municipal logo na entrada das trilhas. Estacionamento com ducha por R$ 10 também facilita o acesso à trilha, que é gratuito.
SURPRESAS
A mata fechada com enormes árvores centenárias ajuda a manter um clima bem mais confortável que o das orlas lotadas. E as trilhas guardam surpresas ainda mais encantadoras. A segunda das cachoeiras, a Samambaia, tem uma queda de cerca de 20 metros e um poço de águas naturais ideal para nadar. Atrás da queda, ainda existe um banco de pedras onde o turista consegue ficar atrás da cachoeira.
"Eu vou à praia só para caminhar pela manhã. À tarde, estou vindo aqui. As piscinas das cachoeiras sempre estão vazias. E aqui parece que todo mundo já tem consciência ecológica, não existe lixo ou garrafinha pet jogada nas trilhas", conta o designer Paulo Rossi, de 31 anos, morador do Ipiranga, zona sul da capital, que fica todos os anos em Maresias, mas só agora descobriu as trilhas do Ribeirão de Itu.
Mais acima da trilha, está a "joia" do passeio - o Poço dos Macacos. É uma piscina esverdeada que tem uma pedra de seis metros de altura para mergulhos mais ousados. A partir da cachoeira do poço, grupos organizam passeios de canoas. O rapel, escalada de cachoeiras com cordas, também pode ser feito com contratação de monitores especializados.
BUGIOS
Outra boa surpresa é a enorme quantidade de macacos bugios ao longo das trilhas. Simpáticos, eles podem ser vistos até nas pedras no entorno das cachoeiras. O canto das araras-azuis ecoa o tempo todo no alto de cedros com mais de três metros de altura. Bromélias e paus-brasil também adornam o caminho.
O maior empecilho são os "borrachudos" - é indispensável besuntar o corpo com repelente antes do passeio e na volta, após o banho de cachoeira.
"Muita gente faz o percurso sem monitor, o que é desaconselhável. Grupos que entram sozinhos acabam não conseguindo voltar depois que começa a escurecer. A Mata Atlântica é muito fechada e, sem iluminação, mesmo o turista experimentado em trilhas pode acabar entrando em um caminho errado", alerta João Raphael de Souza, de 25 anos, um dos monitores das trilhas.
HISTÓRIA
Durante o fim do período colonial do ciclo do açúcar, no século 18, a trilha entre Salesópolis e Boiçucanga foi usada por índios tupinambás que eram escravizados por portugueses. As missões cruzavam o percurso em busca de minérios como ouro e prata, muito encontrados na época na região onde nasce o Rio Tietê, em Salesópolis. Comunidades caiçaras formadas por descendentes de índios escravos mantiveram o uso da trilha para peregrinações religiosas que saíam do litoral em direção à região de planalto. Até hoje, um grupo de cerca de 70 moradores nativos de São Sebastião fazem a trilha em abril para relembrar o sofrimento dos antepassados escravos.

Caminho de até 8,2 km ao longo do Ribeirão do Itu tem quedas d'água e piscinas naturais


DIEGO ZANCHETTA - O Estado de S.Paulo
Uma antiga trilha indígena entre Salesópolis e Boiçucanga, no "sertão" da Mata Atlântica, está sendo "descoberta" por centenas de paulistanos em férias no litoral norte. Pouco conhecido e com nova sinalização, o percurso de 8,2 km e 6 h em média de duração tem nove pontos de queda d'água ao longo do Ribeirão do Itu, com cachoeiras e piscinas naturais de águas límpidas.

As trilhas das cachoeiras do Ribeirão do Itu são, na verdade, apenas o começo do antigo caminho que índios faziam entre o litoral e a região de planalto em Salesópolis. A possibilidade de fazer esportes radicais como rafting, canoagem e trekking é o que tem feito muito turista trocar a praia pelas cachoeiras.
Para quem está em praias como Maresias e Baleia, o acesso é feito pela Estrada do Cascalho, logo no início da Praia de Boiçucanga. O ideal é contratar um monitor por R$ 75, disponível em um centro turístico municipal logo na entrada das trilhas. Estacionamento com ducha por R$ 10 também facilita o acesso à trilha, que é gratuito.
SURPRESAS
A mata fechada com enormes árvores centenárias ajuda a manter um clima bem mais confortável que o das orlas lotadas. E as trilhas guardam surpresas ainda mais encantadoras. A segunda das cachoeiras, a Samambaia, tem uma queda de cerca de 20 metros e um poço de águas naturais ideal para nadar. Atrás da queda, ainda existe um banco de pedras onde o turista consegue ficar atrás da cachoeira.
"Eu vou à praia só para caminhar pela manhã. À tarde, estou vindo aqui. As piscinas das cachoeiras sempre estão vazias. E aqui parece que todo mundo já tem consciência ecológica, não existe lixo ou garrafinha pet jogada nas trilhas", conta o designer Paulo Rossi, de 31 anos, morador do Ipiranga, zona sul da capital, que fica todos os anos em Maresias, mas só agora descobriu as trilhas do Ribeirão de Itu.
Mais acima da trilha, está a "joia" do passeio - o Poço dos Macacos. É uma piscina esverdeada que tem uma pedra de seis metros de altura para mergulhos mais ousados. A partir da cachoeira do poço, grupos organizam passeios de canoas. O rapel, escalada de cachoeiras com cordas, também pode ser feito com contratação de monitores especializados.
BUGIOS
Outra boa surpresa é a enorme quantidade de macacos bugios ao longo das trilhas. Simpáticos, eles podem ser vistos até nas pedras no entorno das cachoeiras. O canto das araras-azuis ecoa o tempo todo no alto de cedros com mais de três metros de altura. Bromélias e paus-brasil também adornam o caminho.
O maior empecilho são os "borrachudos" - é indispensável besuntar o corpo com repelente antes do passeio e na volta, após o banho de cachoeira.
"Muita gente faz o percurso sem monitor, o que é desaconselhável. Grupos que entram sozinhos acabam não conseguindo voltar depois que começa a escurecer. A Mata Atlântica é muito fechada e, sem iluminação, mesmo o turista experimentado em trilhas pode acabar entrando em um caminho errado", alerta João Raphael de Souza, de 25 anos, um dos monitores das trilhas.
HISTÓRIA
Durante o fim do período colonial do ciclo do açúcar, no século 18, a trilha entre Salesópolis e Boiçucanga foi usada por índios tupinambás que eram escravizados por portugueses. As missões cruzavam o percurso em busca de minérios como ouro e prata, muito encontrados na época na região onde nasce o Rio Tietê, em Salesópolis. Comunidades caiçaras formadas por descendentes de índios escravos mantiveram o uso da trilha para peregrinações religiosas que saíam do litoral em direção à região de planalto. Até hoje, um grupo de cerca de 70 moradores nativos de São Sebastião fazem a trilha em abril para relembrar o sofrimento dos antepassados escravos.

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